A participação da cantora e historiadora da arte Tertuliana Lustosa no seminário “Gênero para além das fronteiras”, realizado na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), desencadeou uma série de reações nas redes sociais. A vocalista da banda “A Travestis” chamou a atenção ao realizar uma performance provocativa, durante a qual subiu em uma cadeira e exibiu os glúteos enquanto cantava a música “Educando com o C*”. O evento, que discutia dissidências de gênero e sexualidade, foi organizado pelo Grupo de Pesquisa Epistemologia da Antropologia, Etnologia e Política (Gaep).
O vídeo da apresentação foi compartilhado pela própria Tertuliana em suas redes sociais, e nele a cantora aparece em uma mesa-redonda, levantando o vestido e cantando letras consideradas “proibidões”. A performance gerou polêmica, com muitos criticando a postura da artista por conta do ambiente acadêmico em que o ato ocorreu. “Vou te ensinar gostoso dando aula na sua p***. Aqui não tem nota nem recuperação. Não tem sofrimento, se aprende com tesão. De quatro. E c*, c*, c*.”, foi um dos trechos interpretados por Tertuliana.
Nas redes sociais, o público se dividiu. Enquanto alguns internautas criticaram o que consideraram uma falta de respeito ao espaço universitário, outros apoiaram a artista, elogiando a ousadia e a proposta de questionar normas conservadoras por meio de sua arte.
Tertuliana Lustosa, que além de cantora é mestranda pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), explicou que sua performance é parte de uma pedagogia alternativa que propõe o corpo e o prazer como ferramentas de aprendizado e expressão artística. “A pedagogia que eu proponho é essa. Existe muito preconceito, pois minha abordagem traz o paredão e o pagode baiano, que são marginalizados e criminalizados”, afirmou em entrevista ao UOL.
A UFMA, por sua vez, emitiu um comunicado no qual classificou a performance como “inapropriada para o momento” e destacou que a universidade é um espaço plural de diálogos, com respeito à liberdade de expressão, mas que ações desrespeitosas não serão toleradas. A instituição afirmou que o caso está sendo apurado e medidas serão tomadas após análise do ocorrido.
O episódio levanta questões sobre os limites da liberdade de expressão e o papel do corpo na educação, destacando como essas discussões podem gerar controvérsias e divisões, especialmente em espaços acadêmicos tradicionais.