A proposta do governador Romeu Zema (Novo) de ampliar o Programa de Escolas Cívico-Militares em Minas Gerais enfrentou forte reação nesta quinta-feira (10). Professores, diretores e estudantes foram as ruas de Belo Horizonte e também se mobilizaram em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, para pressionar o governo a recuar da expansão do modelo.
Na capital, o ato começou às 8h na Praça Raul Soares, no centro, e seguiu em caminhada até a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Com faixas, carro de som e palavras de ordem, o grupo denuncia a falta de diálogo e a “pressa” para aprovar um projeto que já atinge nove escolas da rede estadual e pode chegar a mais de 700 unidades ainda neste mês.
“Este projeto é uma forma de escoamento de verba e de sucateamento da educação. Ao invés de contratar professores, querem militarizar a escola pública com policiais da reserva, pagos com salário maior do que o nosso”, afirmou Marcelle Amador, diretora estadual do Sind-UTE MG, sindicato que organizou o ato em BH.
Em Uberlândia, o protesto estudantil aconteceu na tarde de hoje, com concentração às 13h em frente à Superintendência Regional de Ensino, no bairro Tabajaras. Jovens de diferentes escolas levaram faixas e cartazes contrários ao modelo cívico-militar e denunciaram o que chamam de falta de escuta às comunidades escolares. O lema repetido em Uberlândia foi o mesmo de outros atos pelo estado: “Educação se faz com diálogo, não com farda e imposição”.
Categoria denuncia falta de transparência
A mobilização questiona o memorando enviado pela Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG) no dia 30 de junho, que estabelece o dia 18 de julho como prazo final para as escolas votarem a adesão ao programa. Para os profissionais da educação, a votação identificada intimida quem discorda. “Na cédula precisa constar o nome de quem vota. Isso gera medo e pode inibir o voto livre”, alertou uma professora em Uberlândia.
Segundo o governo Zema, o objetivo é “integrar valores cívicos, éticos e disciplinares ao cotidiano escolar”, em parceria com a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros. A SEE/MG garante que militares não assumirão funções pedagógicas e que pais podem pedir que seus filhos não participem das atividades cívico-disciplinares.
CNTE também critica proposta
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) também se posicionou contra o projeto. O presidente da entidade, Heleno Araújo, classificou a proposta como “absurda” e disse que ela pode trazer “grandes prejuízos não só para os mineiros, mas para todo o país”. “Não queremos estudantes preparados para fazer guerra. Queremos cidadãos preparados para exercer a democracia e a liberdade”, defendeu.
Audiência pública
Em Belo Horizonte, a caminhada culmina em uma audiência pública na ALMG, marcada para as 14h desta quinta-feira. O encontro foi convocado por deputados estaduais da oposição, como Beatriz Cerqueira (PT) e Professor Cleiton (PV), e deve contar com a presença do secretário de Estado de Educação, Igor Alvarenga.
Enquanto isso, em Uberlândia e em outras cidades, atos de rua e assembleias estudantis seguem fortalecendo a mobilização de professores, pais e alunos contra a adesão ao modelo cívico-militar em Minas Gerais.