Deputados e senadores da oposição ao governo Lula (PT) ocuparam as mesas diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal nesta terça-feira (5), marcando o retorno do recesso parlamentar com um protesto que paralisa os trabalhos nas duas Casas. A ação, liderada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tem como objetivo forçar a tramitação de pautas que o grupo classifica como “prioritárias” — incluindo o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
A movimentação ocorre um dia após Moraes decretar a prisão domiciliar de Bolsonaro, acusado de violar medidas cautelares ao participar, ainda que virtualmente, de manifestações realizadas no último domingo (4/8), em Copacabana (RJ) e na Avenida Paulista (SP). O ministro também citou postagens do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que exibiam o pai assistindo aos protestos, e que depois foram apagadas.
Os parlamentares prometem obstruir as sessões do Congresso enquanto as reivindicações não forem atendidas. Eles querem pressionar os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PR), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), a colocarem em votação o que chamam de “pacote da paz”, que inclui três frentes: a anistia aos envolvidos no 8 de janeiro, o impeachment de Moraes e o fim do foro privilegiado.
Em coletiva de imprensa, o vice-presidente da Câmara, deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), afirmou que poderá pautar o projeto de anistia caso Hugo Motta viaje para compromissos internacionais. “No momento em que eu assumir a presidência da Câmara, irei pautar a anistia. Sempre busquei equilíbrio e diálogo, mas os fatos recentes exigem uma resposta imediata”, declarou.
A mobilização da oposição ocorre em meio ao agravamento da crise institucional entre setores bolsonaristas e o Judiciário, acentuada pelas recentes decisões de Moraes no âmbito das investigações sobre tentativa de golpe.
Enquanto isso, o governo e a base aliada monitoram a movimentação com cautela, evitando confrontos diretos, mas sem abrir mão da legalidade dos atos do STF. A expectativa é de que os próximos dias sejam marcados por intensos embates no Congresso.