STF forma maioria para responsabilizar redes sociais por conteúdos publicados por usuários

STF forma maioria para responsabilizar redes sociais por conteúdos publicados por usuários
Foto: (wikimedia)
Ministros ainda vão definir regras e condições para que plataformas digitais respondam por postagens ofensivas ou criminosas. Maioria entende que não será mais necessária ordem judicial para início da responsabilização.

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta quarta-feira (11/6) para permitir que redes sociais sejam responsabilizadas por conteúdos publicados por seus usuários, mesmo sem a exigência de ordem judicial prévia. A decisão representa um marco na regulação das plataformas digitais no Brasil e impacta diretamente a interpretação do Marco Civil da Internet, em vigor desde 2014.

Até o momento, seis ministros votaram a favor da responsabilização, cada um com nuances em suas propostas. Os votos contrários à manutenção do atual texto do artigo 19 do Marco Civil da Internet foram proferidos pelos ministros Dias Toffoli, Luiz Fux, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Gilmar Mendes e o presidente do STF, Luís Roberto Barroso. Apenas o ministro André Mendonça divergiu, defendendo a constitucionalidade do artigo em sua forma atual.

O que está em debate

O julgamento gira em torno da possibilidade de que plataformas como Facebook, Instagram, X (antigo Twitter) e outras redes sociais sejam obrigadas a remover conteúdos ofensivos ou criminosos assim que forem notificadas — seja por meio de decisão judicial ou notificação extrajudicial da vítima ou de seu representante.

Atualmente, o artigo 19 do Marco Civil da Internet determina que essas empresas só podem ser responsabilizadas se não retirarem o conteúdo após ordem judicial. Com a nova interpretação proposta pela maioria do STF, essa exigência poderá ser flexibilizada, sobretudo em casos de:

  • Discurso de ódio

  • Racismo

  • Apologia à violência

  • Pornografia infantil

  • Instigação ao suicídio

  • Atos contra o Estado Democrático de Direito

O que disseram os ministros

O ministro Dias Toffoli, relator de um dos recursos, classificou o artigo 19 como inconstitucional e defendeu que plataformas devem agir imediatamente após serem notificadas, mesmo sem decisão judicial, especialmente em casos graves.

O ministro Luiz Fux, relator do segundo processo, seguiu a mesma linha e afirmou que é necessário “responsabilizar os provedores que se omitem diante de conteúdos ilícitos notificados”.

O presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, ponderou que em casos de crimes contra a honra (como injúria e difamação), a retirada de conteúdo deve seguir mediante decisão judicial, mas em crimes mais graves, a responsabilidade deve recair sobre as plataformas.

Já o ministro Flávio Dino afirmou que a responsabilização não impede a liberdade de expressão, mas “evita a barbárie e a tirania”.

Impactos

A decisão do STF ainda aguarda a finalização do julgamento e a definição da tese jurídica que será aplicada aos tribunais inferiores. Quando concluído, o entendimento da Corte deverá orientar ações judiciais em todo o país, com potencial para alterar significativamente o funcionamento e a moderação de conteúdo nas redes sociais brasileiras.

A mudança pode gerar novas obrigações para as plataformas, como a criação de canais mais eficientes para denúncias, remoção mais ágil de conteúdos ilícitos e mecanismos de monitoramento preventivo em casos sensíveis.

O debate sobre a liberdade de expressão versus responsabilidade das plataformas promete seguir intenso, mas o Supremo sinaliza que não haverá mais espaço para omissão diante de conteúdos que violem direitos fundamentais ou a legislação brasileira.

Compartilhe

Veja também

Preço da cenoura volta a cair em São Gotardo e já fica abaixo do custo de produção, aponta Cepea

A cotação da caixa de 29 kg da cenoura “suja” registrou nova queda nesta semana…

Jovens são presos ao transportarem drogas de Patos de Minas para São Gotardo

Dois homens foram presos em flagrante na tarde desta quinta-feira (12), durante uma operação de…

Câmara propõe liberar acúmulo de aposentadoria e salário para deputados; proposta reacende debate sobre privilégios e impacto fiscal

A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados apresentou nesta terça-feira (10) um projeto de lei…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *