Neste domingo (21), manifestantes voltaram às ruas em diversas capitais e cidades brasileiras para protestar contra a chamada PEC da Blindagem e contra a proposta de anistia a condenados por tentativa de golpe de Estado. Os atos ocorrem simultaneamente em pelo menos 30 cidades e 22 capitais, segundo organizações sociais, centrais sindicais e coletivos que organizam as manifestações.
A mobilização ganhou força após a aprovação da PEC pela Câmara dos Deputados, na última terça-feira (16). O texto prevê que qualquer investigação criminal contra parlamentares só poderá ser aberta com autorização prévia da maioria absoluta da Câmara ou do Senado. Críticos afirmam que a medida abre espaço para impunidade e retrocede conquistas históricas contra a corrupção.
Além da PEC, os atos também rejeitam a proposta de anistia a envolvidos nos episódios de tentativa de golpe de Estado, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos de prisão.
Artistas na linha de frente
As manifestações têm contado com forte participação do meio artístico. No Rio de Janeiro, milhares se concentram desde as 14h em Copacabana, onde Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque e outros artistas se apresentam em um show gratuito sobre um trio elétrico. “Não podemos aceitar calados que o Congresso aprove regras que suspendem investigações. É hora de mostrar que o povo não admite retrocessos”, declarou Caetano em vídeo divulgado nas redes sociais.
Em São Paulo, a concentração começou às 14h no vão livre do MASP, na Avenida Paulista, também com adesão de coletivos culturais. Já em Brasília, desde as 10h, a frente do Museu Nacional recebe manifestantes e artistas como Chico César. Em Belo Horizonte, a cantora Fernanda Takai se apresentou pela manhã na Praça Raul Soares.
Clima nacional
De Norte a Sul, os protestos se espalham em pontos estratégicos das capitais. Em Salvador, a mobilização ocorreu no Morro do Cristo; em Recife, o ato segue na Rua da Aurora; em Curitiba, manifestantes se reúnem na Boca Maldita; e em Porto Alegre, o Parque da Redenção concentra grande público desde o início da tarde.
No interior de Minas Gerais, cidades como Uberlândia, Juiz de Fora, Montes Claros, Alfenas e Ituiutaba também registraram atos pela manhã. Em São Paulo, além da Paulista, outras cidades como Ribeirão Preto, Santos e Bauru também têm manifestações programadas para esta tarde.
Resistência no Senado
Enquanto os protestos crescem, a proposta segue em tramitação no Congresso. O texto aprovado pela Câmara agora será analisado pelo Senado. Parlamentares da oposição e até mesmo alguns senadores da base governista já demonstraram resistência. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Otto Alencar (PSD-BA), criticou duramente a proposta:
“A repulsa à PEC da Blindagem está estampada nos olhos do povo. É um retrocesso inaceitável”, afirmou.
Próximos passos
Para ser promulgada, a PEC precisa ser aprovada em dois turnos no Senado. Até lá, movimentos sociais prometem manter pressão popular, com novos atos já sendo organizados para os próximos dias.
Com os protestos em andamento neste domingo, a expectativa é de que o Senado enfrente forte pressão social diante da tentativa de alterar novamente as regras sobre foro e investigações contra parlamentares.
