Um renomado cientista da Universidade de Harvard está provocando intensos debates no meio acadêmico, científico e religioso ao defender que uma fórmula matemática seria capaz de comprovar a existência de Deus. A afirmação parte do astrofísico e engenheiro aeroespacial Willie Soon, que relaciona os princípios da física quântica com o chamado “argumento do ajuste fino” — teoria que sugere que as condições do universo são extremamente precisas e improváveis de ocorrerem por acaso.
A base da argumentação está ligada a uma equação desenvolvida em 1928 pelo físico britânico Paul Dirac, conhecido como o “pai da antimatéria”. Na busca por entender o comportamento de partículas subatômicas, Dirac combinou a equação da relatividade de Albert Einstein com as fórmulas da mecânica quântica, chegando a uma solução matemática que previu, antes mesmo da comprovação experimental, a existência da antimatéria.

À época, a descoberta foi recebida com ceticismo, mas acabou confirmada poucos anos depois, quando observações de raios cósmicos revelaram as primeiras partículas de antimatéria na atmosfera terrestre. Esse avanço levou à criação de um novo campo na física, conhecido como teoria quântica de campos, que até hoje sustenta grande parte da compreensão científica sobre o universo.
Design inteligente no cosmos
Para o Dr. Willie Soon, a elegância e a precisão dessas equações são indícios de que há um “design proposital” no universo. Ele defende que as probabilidades de o cosmos surgir espontaneamente, com leis e constantes físicas tão afinadas para permitir a vida, são matematicamente desprezíveis.
Entre os exemplos citados por defensores desse argumento estão fatores como:
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A força da gravidade: Se fosse ligeiramente mais fraca, não haveria formação de galáxias e planetas. Se fosse mais forte, o universo colapsaria sobre si mesmo.
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A proporção entre as massas de prótons e elétrons: Qualquer alteração tornaria impossível a formação de moléculas complexas, como o DNA.
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A constante cosmológica: Um leve ajuste faria com que o universo se expandisse rápido demais ou colapsasse rapidamente, inviabilizando qualquer forma de vida.
Para Soon, esses dados sustentam a tese de que o universo não é fruto do acaso, mas sim o resultado de uma engenharia precisa, possivelmente atribuída a uma inteligência superior.
Debate reacende no meio acadêmico
A hipótese, no entanto, ainda não é aceita pela comunidade científica, que argumenta que as ideias de Soon carecem de validações e metodologias sólidas para serem consideradas uma teoria científica formal. Mesmo assim, a discussão não é inédita. Outros estudiosos, como os filósofos da ciência Richard Swinburne e Robin Collins, já defenderam ideias semelhantes, utilizando o chamado “princípio antrópico”, que também sugere que o universo parece ser ajustado para a existência da vida.
O próprio Dirac, décadas atrás, chegou a declarar em publicações científicas: “Talvez alguém pudesse descrever a situação dizendo que Deus é um matemático de altíssima ordem, e Ele usou matemática muito avançada na construção do universo.”
Ainda que não apresente uma prova definitiva, o trabalho de Soon reacende uma antiga questão que atravessa gerações: qual é o limite entre a ciência, a fé e os mistérios do universo?