A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) realizou na manhã desta segunda-feira (26) uma coletiva de imprensa para apresentar os resultados da segunda fase da operação que investiga uma organização criminosa especializada em furtos de equipamentos eletrônicos de grandes empresas atacadistas. A ação, conduzida pelo Departamento Estadual de Investigação de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri), resultou na prisão de três dos quatro principais mentores e articuladores logísticos do grupo. As prisões ocorreram em Santos e Itaquaquecetuba (SP) e Balneário Camboriú (SC).
Durante a coletiva, os delegados Felipe Freitas, João Prata e Gustavo Barletta detalharam o funcionamento do grupo, que tem atuação em vários estados do país e estrutura operacional dividida em três núcleos: o de execução dos furtos, o financeiro/logístico e o de receptação final para revenda.
Estrutura criminosa e modus operandi
De acordo com os investigadores, os criminosos atuavam com planejamento e técnicas rudimentares, porém eficazes. Para verificar se os alvos estavam vulneráveis, cortavam a energia elétrica das empresas durante a madrugada e colavam pedaços de papel nos portões. Caso o papel permanecesse no local horas depois, presumiam que ninguém havia percebido a queda de energia e retornavam para realizar o furto.
Os materiais, que incluíam câmeras de segurança, HDs, e outros eletrônicos, eram então levados para galpões em São Paulo, onde passavam por um processo de “esquentamento”: recebiam notas fiscais falsas e eram reintroduzidos no mercado como se fossem produtos legais. Os itens eram vendidos em shoppings populares e plataformas de e-commerce por preços abaixo do mercado, enganando consumidores que não suspeitavam da origem criminosa dos produtos.
Prisões e apreensões
A segunda fase da operação teve como foco o núcleo financeiro da organização. Foram cumpridos quatro mandados de prisão, três deles com sucesso. Um dos alvos segue foragido. Nas diligências, a polícia apreendeu veículos de luxo, caminhões utilizados na logística dos crimes, cadernos com anotações detalhadas das transações ilegais, além de bicicletas de alto valor e outros bens de origem duvidosa.
Em Balneário Camboriú, um dos investigados foi localizado em um imóvel onde também funcionava um cassino clandestino, alvo paralelo da Polícia Federal.
Nova fase em preparação
A PCMG afirmou que a investigação segue em andamento e que novos desdobramentos estão previstos. A próxima fase terá como foco o núcleo de execução direta dos furtos, formado por indivíduos responsáveis por invadir empresas e transportar os produtos.
As evidências recentes também apontam possível envolvimento do grupo com roubo de cargas, o que amplia o escopo da investigação. “É um grupo com forte capacidade operacional e financeira, que movimentava grandes quantias de dinheiro. Conseguimos desarticular uma parte significativa da estrutura, mas ainda há peças a serem identificadas”, afirmou um dos delegados.
A Polícia Civil reforça a importância da verificação da procedência de produtos vendidos em plataformas digitais e alerta a população sobre os riscos de aquisição de itens de origem ilícita, o que pode configurar crime de receptação.