Bebês Reborn: a nova febre das redes sociais que gera debate, polêmicas e até projeto de lei no Congresso

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Bebês Reborn: a nova febre das redes sociais que gera debate, polêmicas e até projeto de lei no Congresso

As redes sociais têm sido palco de uma nova e inesperada polêmica: os bebês reborn — bonecas hiper-realistas que imitam recém-nascidos com impressionante riqueza de detalhes. Vídeos no TikTok e Instagram mostram adultos interagindo com os bonecos como se fossem bebês de verdade: dando mamadeira, trocando fraldas, agendando consultas médicas, passeando com carrinhos pelas ruas e até tentando usar assentos e filas preferenciais.

Esse comportamento vem dividindo opiniões. De um lado, internautas criticam e questionam a sanidade de adultos que tratam bonecas como filhos reais. De outro, usuários apontam machismo nas críticas, questionando por que ações lúdicas são vistas com estranhamento apenas quando realizadas por mulheres.

Um exemplo que viralizou foi o comentário de um usuário da rede X (antigo Twitter):

“Me recuso a entrar na pauta do bebê reborn porque, na minha concepção, se tem homem de 40 anos vestindo camiseta do Superman e colecionando action figure, tá mais do que liberado brincar de boneca”.

Projeto de Lei e Repercussão Política

A polêmica chegou até o Congresso Nacional, onde foi apresentado um projeto de lei que prevê multa de até 20 salários mínimos para quem tentar obter benefícios ou atendimento prioritário utilizando bonecas reborn como se fossem bebês de verdade. A proposta ainda precisa tramitar na Câmara e no Senado antes de seguir para sanção ou veto presidencial.

Até o momento, não há comprovação de que as tentativas de atendimento em serviços como o SUS ou o uso de filas preferenciais com bonecas tenham realmente ocorrido. Especialistas indicam que muitos dos vídeos que viralizaram podem ser apenas encenações feitas para gerar engajamento nas redes.

O Que São os Bebês Reborn?

De acordo com Daniela Baccan, sócia da loja e fabricante Alana Babys, de Campinas (SP), os bebês reborn são bonecas feitas artesanalmente com detalhes hiper-realistas. Criadas inicialmente nos anos 2000, passaram por aperfeiçoamentos nos últimos anos com o uso de materiais como vinil e silicone sólido — este último reproduz com mais fidelidade a textura da pele de um recém-nascido.

Os preços variam de R$ 750 a R$ 12 mil, dependendo do material e complexidade. Modelos mais caros possuem mecanismos internos que simulam batimentos cardíacos, permitem alimentação com mamadeira e até “urinam”.

Além da aparência realista — com cabelos implantados fio a fio, unhas pintadas e até cordão umbilical —, algumas lojas entregam o produto com certidão de nascimento, cartão de vacinas e um enxoval completo.

Segundo Daniela, a maioria das clientes ainda são crianças, mas existe uma parcela de adultas que tratam os bonecos como filhos. “É uma minoria, geralmente ligada à produção de conteúdo ou vendas”, afirma.

Hobby, Terapia ou Sinal de Alerta?

Para algumas pessoas, os bebês reborn representam um hobby artístico ou afetivo. Para outras, um recurso terapêutico para lidar com traumas emocionais, como luto ou infertilidade. Mas especialistas alertam para possíveis riscos.

A analista comportamental Gisele Hedler afirma que, embora o vínculo emocional com os bonecos possa proporcionar conforto temporário, o uso excessivo ou fora de contextos lúdicos pode indicar fragilidades emocionais mais profundas.

“Há casos em que o apego ao boneco ultrapassa os limites do saudável, levando ao isolamento social, dificuldades financeiras e até sintomas de transtornos psicológicos. É fundamental buscar acompanhamento profissional”, ressalta.

Do Virtual ao Mundo Real

O fenômeno, que começou como um nicho artístico, ganhou proporções massivas com mais de 280 milhões de menções nas redes sociais. Vídeos de mulheres apresentando suas coleções ou encenando rotinas maternas com os bonecos se multiplicam diariamente.

Um dos casos mais repercutidos é o da influenciadora Carolina Rossi (Sweet Carol), que publicou um vídeo simulando o parto de um bebê reborn. O conteúdo acumula mais de 110 milhões de visualizações no TikTok.

Reconhecimento Cultural

A febre chegou também às esferas culturais. Neste mês de maio, foi aprovado na Câmara Municipal do Rio de Janeiro o projeto de lei que cria o Dia da Cegonha Reborn, a ser comemorado em 4 de setembro. A data homenageia as artesãs conhecidas como “cegonhas”, responsáveis por confeccionar os bonecos.

A proposta ainda aguarda sanção do prefeito Eduardo Paes.

O que pensar sobre o fenômeno?

Mais do que um simples brinquedo ou uma moda de internet, os bebês reborn abriram espaço para discussões profundas sobre afeto, saúde mental, padrões sociais e até política pública. Enquanto uns veem exagero, outros enxergam liberdade emocional e expressão artística.

Entre críticas, leis, diagnósticos e milhões de visualizações, os bebês reborn revelam, acima de tudo, como o comportamento humano pode se transformar — e como as redes sociais amplificam essas transformações.

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