Uma ação conjunta das polícias civis de Minas Gerais (PCMG) e de São Paulo (PCESP) prendeu, na manhã desta quarta-feira (18), cinco homens suspeitos de integrar uma célula neonazista que atuava nos dois estados. A operação, batizada de Overlord, teve como foco o cumprimento de mandados de prisão e de busca e apreensão contra os investigados.
Os suspeitos, com idades entre 18 e 20 anos, foram presos preventivamente pelos crimes de organização criminosa e por infração ao artigo 20, parágrafo 1º, da Lei 7.716/89, que criminaliza práticas de discriminação racial, étnica, religiosa ou de procedência nacional, além de proibir a fabricação, comercialização e divulgação de símbolos associados ao nazismo, como a cruz suástica.
Durante o cumprimento de um dos mandados em São Paulo, os policiais localizaram conteúdo de pornografia infantil no dispositivo de um dos investigados, que também foi autuado em flagrante por esse crime.
Apreensão de materiais e armamentos
Nas buscas realizadas em Nova Lima e Poços de Caldas, em Minas Gerais, e em Campinas, no interior paulista, foram apreendidos diversos materiais associados às práticas criminosas da célula neonazista.
Entre os itens encontrados estão:
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Armas brancas, como facas, machadinhas, canivetes, espadas e soco-inglês;
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Equipamentos como balestras, algemas, spray de pichação, fardamento paramilitar, arma de airsoft e isqueiros em formato de granada de mão;
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Dispositivos eletrônicos, incluindo celulares, computadores, pen drives, videogames e câmeras digitais;
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Livros sobre Adolf Hitler, armamentos e temáticas militares, além de cadernos com anotações de símbolos nazistas e materiais com referência ao terrorista norte-americano Theodore Kaczinsky, conhecido como Unabomber.
Investigação teve início com alerta internacional
As investigações começaram em dezembro de 2023, após informações repassadas pela Homeland Security Investigations, ligada à embaixada dos Estados Unidos no Brasil. As autoridades norte-americanas alertaram sobre a atuação de brasileiros que propagavam discursos neonazistas e de ódio em redes sociais, além da possível organização de atos violentos.
A operação desta quarta-feira é uma continuidade das apurações iniciadas após a prisão de um jovem de 20 anos em Belo Horizonte, apontado como líder do grupo e responsável por coordenar as atividades dos demais integrantes, além de organizar ações de inteligência e contrainteligência da célula.
Crimes e financiamento das atividades
De acordo com a polícia, os membros da célula atuavam promovendo apologia ao nazismo, discurso de ódio, discriminação contra minorias e atos extremistas, como pichações de símbolos nazistas, afixação de cartazes antissemitas e ataques contra pessoas LGBTQIA+ e indivíduos identificados como “antifascistas”.
As investigações também revelaram que o grupo buscava recursos financeiros para sustentar suas atividades, utilizando, entre outros meios, a venda de emblemas neonazistas produzidos em impressoras 3D e o tráfico de drogas.
Nome da operação
O nome da operação, Overlord, faz referência à ofensiva militar dos Aliados na invasão da Normandia, em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, que representou uma derrota decisiva para o regime nazista e marcou o início da queda de Adolf Hitler na Europa.
As investigações continuam, especialmente com foco na análise dos materiais apreendidos e na identificação de possíveis outros envolvidos no esquema criminoso.