Autoridades dos Estados Unidos e da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) admitiram que não sabem onde está o estoque de urânio enriquecido do Irã, suficiente para produzir, segundo estimativas, nove ou dez armas nucleares.
O material, que está enriquecido a 60%, se aproxima dos 90% necessários para fabricação de uma arma atômica. A situação gera preocupação internacional, principalmente após os recentes ataques dos Estados Unidos e de Israel contra instalações nucleares iranianas.
A última vez que os inspetores da AIEA tiveram acesso ao estoque foi no dia 10 de junho, apenas três dias antes do início dos ataques contra as principais usinas nucleares do Irã, localizadas em Isfahan, Natanz e Fordow.
A informação foi confirmada pela própria AIEA, que relatou não ter mais acesso ao local nem informações precisas sobre o destino dos 400 quilos de urânio enriquecido.
O governo iraniano comunicou à agência que adotou medidas para proteger seus equipamentos e materiais nucleares, mas não forneceu detalhes sobre o local onde o urânio está armazenado.
Imagens de satélite divulgadas após os ataques mostram que a instalação de Fordow, construída no subsolo, sofreu danos significativos, com crateras causadas por bombas perfurantes de alta capacidade. No entanto, análises de inteligência indicam que parte dos equipamentos e o estoque de urânio teriam sido removidos antes dos bombardeios.
O volume do material seria pequeno o suficiente para ser transportado em caixas que cabem no porta-malas de aproximadamente 10 carros, o que facilita sua movimentação de forma rápida e discreta.
A AIEA informou que não há indícios de aumento nos níveis de radiação fora das instalações nucleares, o que indica que, até o momento, não houve vazamento de material radioativo. Apesar disso, a agência reforça que é necessário o retorno imediato dos inspetores ao Irã para realizar uma nova avaliação da situação e contabilizar os estoques nucleares.
A incerteza sobre o paradeiro do urânio e os danos reais às estruturas nucleares aumentam a tensão na região e elevam os riscos de proliferação nuclear, além de aprofundar a crise diplomática e militar no Oriente Médio.