A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) deflagrou nesta terça-feira (27) a segunda fase da Operação Martelo Virtual, com o objetivo de combater uma organização criminosa especializada em golpes de leilão online e lavagem de dinheiro. A ação foi realizada em 12 cidades nos estados de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro, com apoio das polícias civis locais e envolvimento de mais de 100 agentes.
Logo nas primeiras horas da operação, foram cumpridos 12 mandados de prisão e 54 de busca e apreensão. O grupo investigado teria movimentado mais de R$ 18 milhões em um ano, com vítimas em pelo menos oito estados brasileiros: Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Tocantins, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro. Estima-se que mais de 250 pessoas tenham sido lesadas.
Como funcionavam os golpes de leilão online
A fraude se baseava na criação de sites falsos de leilões de veículos, com aparência profissional e similar a portais reais. Para alcançar mais vítimas, os criminosos investiam em anúncios pagos, aumentando a visibilidade dos sites nos mecanismos de busca.
As vítimas, acreditando estar participando de leilões legítimos, eram direcionadas a atendimentos por aplicativos de mensagens, onde recebiam falsas orientações e acabavam realizando transferências via Pix para contas bancárias de terceiros (laranjas).
O dinheiro obtido com os golpes de leilão online era rapidamente distribuído entre várias contas e utilizado na compra de bens de alto valor, como imóveis, veículos e até motos aquáticas, todos em nome de terceiros, como forma de dificultar o rastreamento do patrimônio — prática típica de lavagem de dinheiro.
Balanço da operação
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12 prisões efetuadas
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54 mandados de busca cumpridos
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32 veículos apreendidos
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506 veículos bloqueados judicialmente
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86 imóveis e 3 motos aquáticas bloqueadas
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1.023 contas bancárias congeladas
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R$ 18 milhões bloqueados judicialmente
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R$ 60 mil apreendidos em espécie
As investigações começaram em 2023, conduzidas pela Delegacia da Polícia Civil de Frutal (MG). O grupo criminoso operava com uma estrutura hierárquica bem definida, com membros responsáveis por diferentes funções, como criação de sites, captação de contas de laranjas e movimentação financeira.
Investigação contou com apoio de inteligência financeira
A operação contou com o apoio de Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) fornecidos pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). Esses relatórios apontaram movimentações bancárias incompatíveis com a renda dos investigados e foram fundamentais para comprovar a origem ilícita dos recursos.
A Justiça também autorizou a quebra de sigilo bancário e fiscal, além do sequestro de bens e bloqueio de contas ligadas aos suspeitos.
Alerta à população
A Polícia Civil de Minas Gerais reforça o alerta para que a população esteja atenta a possíveis golpes de leilão online. Sites que oferecem veículos a preços muito abaixo do mercado ou com procedência duvidosa devem ser evitados. Em caso de dúvida, a orientação é não concluir a negociação.
“A atuação conjunta entre as polícias civis e o uso de tecnologia e inteligência policial têm sido fundamentais para combater o crime organizado no ambiente digital”, afirmou o delegado Saulo Castro, porta-voz da PCMG.